Assim é o Palco Giratório: um amplo agregador de bens culturais diversos; conjunto de atividades composto por apresentações artísticas, oficinas, debates, palestras, intercâmbios, festivais de arte e mostras de arte e de cultura que muda o cotidiano das cidades por onde passa.
Em 2009, comemorando seu décimo segundo ano, o Palco Giratório conta na sua programação com 16 grupos de várias regiões do Brasil, contemplando diversas linguagens cênicas.
DIÁRIO DE UM LOUCO - se apresentará no Teatro João Lyra Filho, Rua Visconde de Inhaúma S/N Bairro Maurício de Nassau – Caruaru/PE. (próximo ao Colégio Municipal Álvaro Lins), terça-feira, 04 de agosto de 2009, às 20h.
Entrada Franca
Diário de um louco
Grupo de Teatro Lavoura - PB
Gênero: Teatro adulto / monólogo
Classificação: 12 anos
Duração: 55 minutos
Sinopse - Monólogo interpretado por André Morais a partir de adaptação da novela do escritor russo Nicolai Gogol. Protagonista é narrador anônimo: funcionário público desesperado de paixão pela filha do chefe cria para si um trono e uma coroa na tentativa de superar a mediocridade de sua existência. Sua total alienação e a força que pesa sobre ele, desde sua depressão até a máquina chamada Estado – objetos de alegorias cenográficas, como um teto que vai baixando – , fazem-no enlouquecer e terminar em um manicômio. A visão do mundo ao seu redor, suas percepções, angústias e confusões são parte deste texto do século XIX.
Ficha técnica
Adaptação para teatro: André Morais
Direção: Jorge Bweres e André Morais
Elenco: André Morais
Música original: Marcílio Onofre, Samuel Correia e Wilson Guerreiro (Compomus/UFPB)
Cenário: André Morais
Figurino: Suzy Torres e Graça Morais
Desenho e operação de luz: Jorge Bweres
Operação de som: Marinalva Rodrigues
Fotos: Haroldo Sabóia, Sol Coelho e Christinne Eloy
O Grupo Teatro Lavoura - Em 1982, Fernando Teixeira, diretor teatral e presidente até hoje do núcleo original do Grupo Bigorna, fundado em 1967 na Paraíba com o espetáculo Navalha na carne, convidou o segundo núcleo do Bigorna para montar um dos maiores sucessos de público da história do teatro paraibano – Anayde. A esse espetáculo seguiram-se outros de cunho documental e histórico: Carlota, A bagaceira, Fogo morto e Rogério. Do núcleo do Bigorna 2, como então ficou conhecido, surgiram os primeiros trabalhos de Jorge Bweres, cuja estreia na direção aconteceu em 2000, com As pelejas de Ojuara. O Grupo de Teatro Lavoura, nome com que foi rebatizado o Bigorna 2, iniciou sua trajetória com o espetáculo Diário de um louco (2005) – monólogo produzido com um mínimo de recursos e total investimento no ator. O processo de montagem do espetáculo, a partir do encontro entre Jorge Bweres e o ator André Morais – os dois dividem a direção –, teve como base o trabalho independente de André, que já montara e dirigira o monólogo em 2003, e sua história sintetiza a própria natureza e o modo de trabalhar da Cia., “arando um novo pedaço de terra, pra plantar, regar e pacientemente aguardar seu desabrochar”, como definiu Jorge Bweres. Diário de um Louco participou de diversos festivais pelo Brasil, recebendo em 2005 seis prêmios no Festival Nacional de Guaçuí/ES, entre eles o de Melhor Espetáculo (Fundação Carla Augusta), Melhor Direção, Melhor Música e Melhor Ator. Em 2006, no 13º Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga/CE, foi premiado com os troféus de Melhor Espetáculo (júri oficial), Melhor Ator e Melhor Música.
LOUCURA E TRAVESSIA
Um mar de palavras, palavras benditas e malditas, palavras que afogam, oxigenam e transformam. Quão delicado, despojado e complexo é esse mundo que Nikolai Gogol criou. Esse conto russo escrito num pequeno quarto de um bairro pobre de São Petesburgo em 1830, revela um intenso sentimento social, de um homem castigado por um regime autoritário e desigual. Um homem cheio de amores e fantasmas, algo muito comum e próximo de nós.
A empregada imaginária transita pela casa, arruma suas roupas e lhe entrega as botas limpas enquanto ele mesmo remenda seu capote esfarrapado. Das sombras formadas pela pouca luz do aposento, aparecem todos os chefes de repartição, todos os burocratas que lhe torturam e humilham. Lá fora a rua está iluminada por Sofie, o seu amor impossível.
Aí se inicia a grande travessia!
A narrativa mostra todo o processo esquizofrênico do personagem que se confunde com a vida do seu criador. Gogol sofria de acessos tremendos de angústia e depressão.
Essa loucura tão próxima e familiar é mostrada sem máscaras ou estereótipos, é um tratado humano sobre o limite da consciência.
O caráter quixotesco do personagem nos envolve com a simplicidade e a despretensão das grandes obras e nos questiona: Até que ponto o ser humano pode chegar para ser reconhecido, respeitado ou simplesmente amado?
A brevidade da sua consciência não importa. O fundamental é que ela está lá dentro dos nossos espelhos. E é real.